Quirinópolis é sede da primeira edição de projeto promovido pelo Ministério Público para a erradicação do trabalho escravo
Na manhã desta quinta-feira (14), Quirinópolis foi sede da primeira formação do Projeto Liberdade Consciente, uma iniciativa do Ministério Público com o objetivo de capacitar agentes públicos para a erradicação do trabalho escravo no Estado. O procurador do Trabalho, Tiago Siqueira, participou do evento e destacou a importância da iniciativa para a formação de uma rede ativa com profissionais mais capacitados para atuar ativamente na luta.
Neste sentido, o procurador ressaltou que “o trabalho escravo é uma chaga que já deveria ter sido erradicada” e que uma das principais falhas que reforça esse sistema de exploração é não oferecer o atendimento adequado no pós-resgate às vítimas. “Têm situações em que fazemos um resgate e três semanas depois ele é resgatado novamente”, explicou. Por isso, o projeto vem como uma forma de capacitar e preparar profissionais capazes de atuar plenamente em cada caso.
Além disso, Tiago também reforçou que é necessário quebrar um ciclo que, muitas vezes, envolve toda a família. “É muito comum nós já estarmos na terceira ou quarta geração de pessoas vítimas do trabalho escravo. Você vai entender que o avô daquela pessoa estava naquela condição, o pai dele estava naquela condição, ele está naquela condição e está trazendo o filho para esta condição”, concluiu.
Assim, a principal motivação do projeto foi a construção de uma rede capacitada para romper estereótipos, entender a realidade das vítimas e fornecer o atendimento especializado. Por isso, a formação contou com a presença de profissionais do CRAS, CREAS e Educação. “A luta no combate ao trabalho escravo necessita muito do trabalho das senhoras. O trabalho feito por vocês de atendimento às vítimas e às famílias é o meu foco. Para combater o trabalho escravo, a gente precisa se despir de quase todas as vaidades para compreender a situação daquela pessoa”, declarou o procurador.
Por fim, uma das palestrantes da manhã, a psicóloga Lilia de Fátima, contou da alegria que é poder estar iniciando um projeto com esse escopo e “saber da nossa responsabilidade no sentido de libertar pessoas, libertar almas”, declarou. “Então, tenham a certeza de que esse investimento, essa força e anseio de transformar é muito importante”, concluiu. “Nós precisamos entender que, sem sinergia, não se erradica nenhum tipo de mal. O trabalho escravo é uma chaga que já deveria ter sido erradicada”, fechou o procurador.
Liberdade Consciente
O Projeto Liberdade Consciente prima por oferecer capacitação aos assistentes sociais, psicólogos e demais servidores do CRAS e CREAS que têm por responsabilidade acolher e acompanhar trabalhadores vítimas de trabalho análogo a escravo e de tráfico de pessoas com suas respectivas famílias, a fim de que esses últimos, uma vez resgatados não queiram ou tampouco tenham que retornar à situação que deu origem ao resgate, tornando-se assim cidadãos livres, conscientes e autônomos.